quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Dermatofitoses e Microsporum canis


Introdução

Dermatofitoses são infecções fúngicas superficiais causadas por fungos queratinofílicos dos gêneros Microsporum, Trichophyton e Epidermophyton. Estes fungos utilizam como substrato a queratina presente em pêlos e unhas. É uma infecção bastante importante para cães e gatos, mas em gatos é considerada a doença infecciosa mais importante. Em ambientes com muitos animais é difícil de erradicar e apresenta importante papel zoonótico (Figura 2).

Etiologia

Microsporum canis é a causa mais comum de dermatofitose felina e canina; não é um agente normal da flora cutânea e sua presença está relacionada com infecção e no caso de gatos de pelame longo, também pode indicar o estado de portador assintomático.

Transmissão e Fatores Predisponentes

Os esporos originados de fragmentos de hifas são a  forma infectante e os animais tornam-se infectados por contato direto com  um animal infectado ou através de contato com um ambiente contaminado (escovas, toalhas, tanques, caixas de transporte, máquinas de tosa, gaiolas, etc... Os esporos são altamente resistentes e podem persistir em um ambiente por anos.
Animais muito jovens ou muito idosos, com nutrição inadequada, imunossupressão (neoplasias, endocrinopatias, terapias com corticoesteróides) e presença de ectoparasitas facilitam a instalação das dermatofitoses.

Aspectos Clínicos

a dermatofitose é muito pleomórfica nas apresentações clínicas e, deve ser investigada em muitas condições cutâneas, principalmente em felinos. O fato de ser uma zoonose e de ser altamente contagiosa indica urgência na definição diagnóstica. O prurido é variável, muitas vezes ausente, mas pode ser intenso. A lesão mais característica é a alopecia circunscrita com descamação, crosta, eritema  (Figura 1) ou hiperpigmentação. Face e membros são geralmente as regiões mais afetadas. Formas clínicas menos comuns incluem disqueratinização, alopecia simétrica, onicomicose, paroníquia e dermatite miliar (felinos), querion  e nódulos (associados cm inflamação e até mesmo piodermite bacteriana). Felinos de pelame longo podem ser portadores assintomáticos mantendo a dermatofitose em um gatil ou abrigo, caso não sejam reconhecidos. Em cães nota-se alta prevalência e maior dificuldade de tratamento na raça Yorkshire Terrier.

Diagnóstico:

O diagnóstico diferencial deve incluir piodermite superficial, demodiciose, disqueratinizações primárias e neoplasias cutâneas.

Lâmpada de Wood:  Trata-se de uma lâmpada ultravioleta que, na presença de algumas cepas de M. canis torna o pêlo esverdeado (Figura 3). Pode ser considerado um exame de triagem, pois nem todas dermatofitoses serão evidenciadas por esta técnica. Excesso de escamas e terapias tópicas prévias podem alterar o resultado.

Cultivo Micológico:  É considerada a técnica padrão e a mais confiável para o diagnóstico definitivo. Permite identificação do gênero e espécie do dermatófito.

Biópsia e Histopatológico: É o procedimento de escolha nas lesões de querion e nodulares. A coloração pode ser realizada com HE, porém PAS deve facilitar a identificação dos elemento fúngicos.

Tratamento

O sucesso terapêutico será obtido na associação de terapia tópica, sistêmica e controle ambiental.
Tratamento oral com antifúngicos.

Vacinação: As vacinas podem ser consideradas uma terapia adjuvante, mas isoladas não conseguem negativar animais positivos (gatos). Animais vacinados apresentam recuperação mais rápida do quadro lesional. Não há evidências de que as vacinas previnam as dermatofitoses em animais negativos.

O tratamento tópico limita a disseminação dos fungos para outros animais e para o ambiente. Prefere-se o uso de formulações a base de shampoos para aplicação em animais previamente tosados (principalmente gatos de pelame longo). Os shampoos mais efetivos para esse propósito são à base de miconazol ou cetoconazol e devem ser aplicados duas vezes por semana.

Ambiente:

Os desinfetantes mais efetivos contra fungos são hipoclorito de sódio, glutaraldeído e enilconazol (não disponível no Brasil). Medidas gerais de limpeza como ventilação, aspiração e remoção de toalhas, escovas e camas também devem ser empregadas.


           

Figura 1: diversas lesões alopécicas,
circunscritas, eritematosas, em cão    
com dermatofitose   



Figura 2:  Lesão em membro do
do proprietário


                

Figura 3: fluorencência positiva à Lâmpada                  
de wood em focinho de felina com dermatofitose          
por Microsporum canis                    

 Lâmpada de wood

 

Figuras 4: diversas lesões alopecicas eritematosas e crostosas na
na face e membros de felino com dermatofitose



   

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