segunda-feira, 21 de maio de 2012


Sarna Demodécica

A sarna demodécica é uma doença parasitária que acomete principalmente cães, causada pelo ácaro Demodex canis. Esse parasita é residente normal da pele de cães e está presente em pequeno número na pele de cães normais. A pele dos animais com sarna demodécica favorece a reprodução e crescimento exagerado desses ácaros, provocando a doença. A transmissão ocorre através do contato direto da fêmea com os filhotes durante a amamentação já nos 2 ou 3 primeiros dias de vida. Ácaros podem ser identificados nos folículos pilosos de filhotes com apenas 16 horas de idade. Essa doença tem caráter hereditário e está relacionada à queda de resistência dos animais.
É caracterizada pelo aumento da quantidade do ácaro Demodex spp, decorrente de predisposição genética e/ou distúrbios do sistema imunológico, levando ao desenvolvimento de lesões.



Então, a Demodicose é uma doença hereditária (sendo herdada da mãe, pai, ou ambos, portadores da doença) e não é contagiosa. Todo o seu ciclo de vida é passado na pele (ovo, larva, ninfa e adulto). Este ácaro é habitante da pele normal e é transmitido da cadela para os filhotes por contato direto nos primeiros dias de vida.





O ácaro, Demodex canis, faz parte da fauna normal da pele canina em muito pequeno número. Quando a doença se instala este povoam a pele aos milhares. Residem nos folículos pilosos e ocasionalmente nas glândulas sebáceas e apocrinas sudoríparas. O ciclo biológico estima-se que seja entre 20 a 35 dias e é realizado inteiramente no animal hospedeiro.



TRANSMISSÃO:
A transmissão dos ácaros nos canídeos ocorre por contato direto durante os primeiros 2 ou 3 dias depois do nascimento, na fase inicial da amamentação. Os parasitas são inicialmente evidenciados no focinho dos cachorros, realçando a importância do contato direto e da amamentação.


PATOGÉNESE:
 A patogénese desta doença ainda não está completamente desvendada, embora haja uma forte evidência de predisposição hereditária na demodicose generalizada. É comum o aparecimento em certas raças puras tais como: Collie, Galgo Afegão, Pastor Alemão, Cocker Spaniel, Doberman Pincher, Dálmata, Boxer e Pointer.A explicação para o desenvolvimento desta doença reside numa resposta celular imunológica anormal que permite a proliferação descontrolada dos ácaros na pele.
Foi considerada a hipótese da demodicose generalizada ser uma manifestação hereditária, específica de um defeito das células T para Demodex canis, sendo permitido ao ácaro multiplicar-se em elevado número, induzindo a produção de uma substância humoral que causará uma supressão generalizada de células T.
Há factores que predispõem ao desenvolvimento da demodicose, como sejam o cio, o parto e o parasitismo intestinal. Nestes casos, a aplicação de um simples tratamento tópico é o suficiente para a cura completa, depois de efectuada a castração, desparasitação e dieta adequada.
A demodicose generalizada é, em primeiro lugar, uma doença de animais jovens, mas poderá ocorrer espontaneamente em cães idosos. Neste último caso deverá ser realizada uma história pregressa cuidadosa em relação à administração recente de drogas imunosupressoras, ou a presença de doenças imunosupressoras tais como neoplasias ou hiperadrenocorticismo.



A Demodicose pode ser classificada da seguinte forma:


1- Quanto a sua distribuição corporal:


A. Localizada:
Caracteriza-se por uma ou duas áreas alopécicas delimitadas, pequenas, com graus variados de eritema, escamosas e hiperpigmentadas. Não são freqüentes o prurido e a piodermite secundária. As lesões situam-se normalmente na cabeça, pescoço e membros anteriores, mas podem eventualmente aparecer noutra regiões do corpo do animal.


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B. Generalizada:
Surge, em princípio, em animais de raça pura com idade inferior a um ano e meio. Aproximadamente 10% das lesões de demodicose localizada podem, gradualmente ou rapidamente, dar origem a um quadro de demodicose generalizada.


Observa-se alopécia difusa, eritema, edema, seborreia, crostas e piodermite secundária. A piodermite pode apresentar-se moderada e superficial ou severa e profunda com furunculose e celulite. Prurido e linfadenopatia generalizada estão normalmente associados.


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A doença pode ocorrer ainda sob a forma de otite externa, eritematosa e ceruminosa. Nos casos de pododermatite demodécica, esta afeta unicamente as patas.



2- Quanto à faixa etária de ocorrência das primeiras manifestações:


a.  Juvenil:


Geralmente ocorre em cães com menos de 18 meses e está associada com fatores genéticos, nutrição deficiente, verminoses e estresse (mudança de ambiente, de alimentação, cio, abandono);


b.  Adulto:


Início na fase adulta. Pode estar associada com a presença de doenças graves (Ex.: hiperadrenocorticismo, hipotireoidismo, leishmaniose, diabetes, neoplasias) ou com tratamentos que utilizam medicações imunossupressoras (corticoterapia, quimioterapia);
As lesões na pele incluem áreas de alopecia (sem pêlos) ao redor dos olhos e da boca, crostas, avermelhamento acompanhado ou não de coceira. Outras alterações encontradas são descamação, espessamento e aumento da pigmentação da pele, infecção bacteriana (piodermite) ou fúngica da pele (geralmente por Malassezia pachydermatis). Também pode haver otite, que é a inflamação dos ouvidos.

DIAGNÓSTICO:


A Demodicose pode ser diagnosticada através de exames chamados raspados de pele ou em tricogramas e encontrando os ácaros sob microscópio. Algumas vezes são necessários múltiplos raspados até que o ácaro seja encontrado. Em algumas raças, como o Shar Pei e nos cães com doença crônica (com a pele muito pigmentada e espessada), uma biópsia de pele poderá ser necessária para diagnosticar a doença.


Vale salientar que uma vez que a Demodicose é uma doença com base genética e sofre influência do estresse, todas as situações estressantes podem levar ao desenvolvimento de lesões e que, por isso também, a cura pode não ser possível, principalmente na forma generalizada da doença. Ou seja, o animal com Demodicose receberá o tratamento até a remissão das lesões e será novamente tratado quando demonstrar sintomas da doença. Então o proprietário deve estar ciente de que seu animal provavelmente passará por alguns episódios durante a vida. Cadelas com Demodicose devem ser castradas, pois a gestação, parto e a amamentação são também situações de estresse e pode contribuir para desencadear as lesões.


Outras doenças dermatológicas podem causar lesões parecidas e por isso devem ser excluídas adequadamente pelo Médico Veterinário. O Médico Veterinário também irá estabelecer o tratamento bem como acompanhar a melhora do animal. 

Tratamento:
O tratamento deve ser meticuloso e personalizado, ou seja, específico para cada caso. Para isso, é necessário conhecer as lesões, tamanho, peso e espécie do animal. O tratamento vai agir em várias frentes, entre elas o controle das feridas que existem na pele do cão e a higienização do local em que vive o que, eventualmente, pode implicar no isolamento do cão portador da doença.
O mais importante neste caso é não seguir nenhum tratamento por orientação de leigos para não prejudicar a evolução clínica e a eficácia do trabalho do veterinário.











 


 









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